17:20


17:18

É, eu gosto muito de ti.





CFA.

23:02


eu não sei voar...

(...) e eu pude chorar todos os meus medos no sofá e eu pude ficar curvada do jeito que a minha sombra, que só eu vejo, é. E eu pude borrar todos os meus disfarces e ficar feia sem culpa, porque a dor consegue ser sempre maior do que qualquer culpa, por isso o meu vício de sofrer.
Eu chorei a imperfeição, eu chorei a saudade enganada da nossa perfeição, eu chorei a nossa necessidade de não se largar, eu chorei a nossa necessidade de se largar, a nossa necessidade de fugir do mundo e a nossa necessidade de fugir de nós encontrando amigos.
(...)
Eu chorei o nosso medo de não sermos o que sonhamos. Eu chorei o medo que eu tenho de não ser quem você quer e o medo que eu tenho de ser exatamente o que você quer. Eu chorei porque precisava de colo, porque precisava te mostrar a minha fragilidade escondida no meu mau humor. (...)
Eu chorei porque eu te amo, mas eu não sei amar. Eu chorei porque eu sempre canso de tudo e tudo sempre cansa de mim. Chorei de apego ao cheiro do novo e principalmente de melancolia pelo cheiro do velho. E chorei porque tudo envelhece com novos cheiros e a vida nunca volta. Eu chorei de pavor da rotina, de pavor do fim, de pavor de sair da rotina e começar outros fins. (...)
Eu chorei minha infinidade de coisas e o medo de você não querer mais abrir os milhões de baús que existem escondidos na caixa cerrada que eu guardo embaixo do meu peito. Eu chorei meu fim e o mdo do meu infinito. (...)
Era minha a dor de ser solitariamente para mim. E você a substituiu pela dor de não querer ser mais solitariamente só para mim. (...)
Ela não sabe o que não é entender nada desse mundo e ter medo do tempo. Ela não sabe o que é ter nas mãos o poder de construir e destruir, e ter tanto medo desse perder. (...)
Eu deito na minha cama e imagino tudo o que pode acontecer, enquanto não toco de verdade na vida para não cansar demais e depois não ter forças para viver de verdade. Mas acabo dormindo e deixo para depois.
Mas eu chorei justamente porque descobri que viver na cabeça também é um tipo de coragem, porque eu não protejo a alma de feridas nem de descanso.
A vida voa na cara, esbarra no seu rosto, suja sua vaidade, corrompe suas certezas, e você não pode fazer nada. A não ser lavar o rosto e começar tudo de novo.

22:11

taça de champanhe
um disco rodando sempre o mesmo lado
crise
um telefone ao alcance da mão
um número decorado na cabeça
e uma aflição no coração

é aí que mora o perigo







(Martha Medeiros)