Faz de conta.

· (...) sentou-se para descansar e em breve fazia de conta que ela era uma mulher azul porque o crepúsculo mais tarde talvez fosse azul, faz de conta que fiava com fios de ouro as sensações, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não abrira e faz de conta que dela não estava em silencio alvíssimo escorrendo sangue escarlate, e que ela não estivesse pálida de morte mais isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz de conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz de conta verde-cintilante, faz de conta que amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus, não Lóri mas o seu nome secreto que ela por enquanto ainda não podia usufruir, faz de conta que vivia e não estivesse morrendo por viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos de perplexidade quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que ela era sabia bastante para desfazer os nós de corda de marinheiro que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua pois ela era lunar , faz de conta que ela fechasse os olhos e seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos de gratidão, faz de conta que tudo o que tinha não era faz de conta, faz de conta que se descontraia o peito e uma luz douradíssima e leve a guiava por uma floresta de açudes mudos e de tranqüilas mortalidades, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro...






[ Clarice Lispector. ]

16:46


A gente nunca pode julgar
o que acontece dentro dos outros.






Caio.

18:27


É importante deixar-se ir de vez em quando.



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Horácio.

18:23


Se ela se distraísse, acabaria sendo feliz para sempre.




Ruy Castro.

Você pode desperdiçar sua vida construindo barreiras e fronteiras ou entao você pode viver ultrapssando-as. Mas há algumas que são perigosas demais para serem cruzadas. E aí vai o que eu sei: se você estiver disposto a se arriscar, a vista do outro lado é espetacular.

19:23

Mania de esperar que as coisas sejam dum jeito determinado, por isso a gente se decepciona e sofre.

17:06

Eu sei que fico em você, eu sei que marco você.
Marco fundo.
Eu sei que, daqui a um tempo, quando você estiver rodando na roda,
vai lembrar que,
uma noite sentou ao lado de uma mina louca que te disse coisas,
que te falou no sexo,
na solidão,
na morte.




Caio.

21:46



Mas não se iludam. Não sou nada de especial e disto estou certo. Sou um homem vulgar, com pensamentos vulgares, e viva uma vida vulgar. Não há monumentos dedicados a mim e o meu nome em breve será esquecido, mas amei uma pessoa com toda a minha alma e coração e, para mim, bastou-me sempre.

O diário de uma paixão.

19:54

- She is in love.
- I don't even know her!
- Oh, you know her.
- Since when!?
- Since always. In your dreams.


( Amélie)

15:26

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E quando a gente precisa, não importa que seja proibido.




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Caio F. Abreu.

20:40


Quando não há o que detenha você , as coisas começam a acontecer , sim.



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Martha Medeiros

Um detalhe.


Em algum lugar, em toda aquele neve, ela via seu coração partido em dois pedaços.



A menina que roubava livros - Markus Zusak





Uma pequena Teoria.


As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim,
mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de
uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa.
Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes.
Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los.




A Menina que Roubava Livros - Markus Zusak.

9 de agosto - 14:17

A gente procura o sentido da vida em tudo: nos livros, na religião, nos índices da Nasdaq. A gente quer entender. A gente quer um porquê. Almodóvar vem e diz: não tem porquê, ou melhor, não tem só um. A vida é uma salada de emoções, piadas, lágrimas, sexo, pileques, encontros em elevadores, desencontros em aeroportos. A vida não é tão arrumadinha como a gente gostaria: é um caleidoscópio. Colorida. Rápida. Absurda. Engraçada. Trágica. Indecente. A vida é latina.


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Martha Medeiros
Para alguém especial:
E decidiu: vou viajar. Porque não morri, porque é verão, porque é tarde demais e eu quero ver, rever, transver, milver tudo o que não vi e ainda mais do que já vi, como um danado, quero ser feito Pessoa, que também morreu sem encontrar. Maldito e solitário, decidiu ousado: vou viajar.


. Caio Fernando Abreu.

Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto.




. Caio Fernando Abreu.

terça-feira, 4 de agosto.



Esse é o maior problema dos desejos, eles não aceitam não como resposta. Você só coloca um ponto final nele se for até o fim. Para matar um desejo é preciso viver, nem que depois você morra junto com ele.

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Caio F. Abreu